A indústria farmacêutica tem um grande impacto no desenvolvimento da vida em geral nas sociedades ao redor do mundo. Ou seja, seu impacto não só é notável e relevante para a saúde das pessoas, mas também para a economia e o meio ambiente.
Logística sustentável na indústria farmacêutica
Reduzir o impacto ecológico já é uma obrigação para todas as indústrias, incluindo a farmacêutica. O setor de logística deu grandes passos nesta direção com a logística verde ou sustentável e a logística reversa.
O transporte e suas rotas foram replanejados e redesenhados para reduzir suas emissões de CO², bem como os processos de armazenagem para torná-los mais sustentáveis. Foram colocadas em prática a reciclagem de materiais de embalagem, a reutilização de recipientes, e até mesmo o cálculo da pegada de carbono das operações logísticas para tomar medidas para implementar, entre muitas outras iniciativas.
Assim, a logística na indústria farmacêutica também viu um maior investimento em meios de transporte menos poluentes, melhor utilização do potencial de armazenamento nas entregas e um maior compromisso com tecnologias limpas em todo o processo logístico.
Saúde, motor do desenvolvimento e peça-chave da economia
Após o impacto da pandemia na economia global, especialmente nos países em desenvolvimento, hoje mais do que nunca é claro que o investimento na saúde é essencial para o desenvolvimento econômico.
A América Latina e, particularmente, o Caribe, além de ter relatado 30% das mortes pela doença, foi a área econômica mais afetada pela pandemia. Organismos internacionais como a OPS, a CEPAL e a ONU já sublinharam a necessidade de uma agenda de saúde pública integral que reconheça a interdependência entre a saúde, o social, o econômico e o ambiental.
A curto prazo, a fim de controlar a crise de saúde, os governos da região da América Latina devem transformar os sistemas de saúde, fortalecer o investimento público e consolidar os Estados de bem-estar, com igualdade e sustentabilidade ambiental.
Como os especialistas e líderes de organizações internacionais apontaram, sem saúde não existe recuperação econômica sustentável, e em geral, sem saúde não existe economia.
Para isso, o setor farmacêutico é fundamental. Principalmente, em relação à capacidade da região de produzir vacinas e medicamentos e superar a dependência externa que enfrentou durante esta pandemia.
A pandemia evidenciou as fraquezas dos sistemas de saúde, a desigualdade no acesso à atenção primária universal, e a falta crônica de financiamento para pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, que impede o desenvolvimento das capacidades existentes para produzir vacinas de forma oportuna e construir um mercado de escala para medicamentos.
Além de entender a saúde como parte da economia, o investimento público e privado, juntos, devem construir sistemas de saúde "universais, solidários e resilientes".
Responsabilidade social e governança no setor farmacêutico
Por outro lado, muitas empresas farmacêuticas foram fortemente criticadas nos últimos tempos por seu comportamento ético-empresarial, que não corresponde aos valores corporativos que frequentemente declaram em sua missão, e sofreram várias crises de legitimação pública que contribuíram para a crescente demanda da sociedade por mais governança e transparência neste setor, bem como por maior responsabilidade social corporativa (RSC), prestação de contas e compromisso ético com a sociedade e as comunidades nas quais operam e influenciam.
Muitas práticas devem mudar neste setor para serem mais sustentáveis e contribuir para o equilíbrio financeiro dos sistemas de saúde, por exemplo:
- A orientação ao lucro.
- Algumas das estratégias de inovação comercial das grandes farmacêuticas nos atuais padrões de negócio.
- A orientação preferencial para os fármacos.
- As dinâmicas pouco transparentes utilizadas para prolongar as patentes de produtos de grande venda.
- A negligência em relação às doenças nos países pobres.
- A distorção da realidade sobre a pesquisa de resultados custo-benefício na prática clínica.
- Bem como a exuberante acumulação de capital e alta compensação financeira para as equipes de gestão.
O direito à saúde deve estar acima dos interesses econômicos das farmacêuticas, bem como propiciar um melhor equilíbrio entre inovação e preços, e um regime de patentes que favoreça os países em desenvolvimento.
Os desafios para a indústria farmacêutica no Brasil
No cenário brasileiro, a indústria farmacêutica obteve uma taxa de sucesso maior do que outros setores. No entanto, ela também enfrenta seus próprios desafios.
O primeiro deles tem a ver com ouvir e compreender as comunidades em meio à legislação, debate e aumento da consciência pública sobre a identificação e manipulação de dados pessoais para fins comerciais ou políticos.
Outro se relaciona à necessidade das farmacêuticas de assumirem um papel educacional, para contrabalançar as fake news e os danos que causam, como o ressurgimento de doenças que estavam sob controle, além de prejuízos às empresas do setor de vacinas como resultado dos movimentos antivacinas.
Com transparência, investindo no caráter informativo e renunciando ao protagonismo, a indústria farmacêutica é capaz de formar um legado que oriente os passos das comunidades de uma maneira mais segura e eficaz.