O Banco de Desenvolvimento da América Latina - anteriormente chamado de Corporação Andina de Desenvolvimento - apoia países da região no desenvolvimento de projetos relacionados com seus sistemas logísticos nacionais.
Foi assim que o Programa Regional de Desenvolvimento Logístico para a América Latina (CAF-LOGRA) foi criado com o objetivo de identificar, analisar, promover, realizar e divulgar projetos que contribuam ao desenvolvimento e desempenho competitivo destes sistemas.
Por meio do CAF-LOGRA, foi desenhado o Perfil Logístico da América Latina (PERLOG), que mostra uma análise da situação atual e o potencial desenvolvimento do sistema logístico latino-americano levando em consideração aspectos como infraestrutura, serviços, processos, sistemas de informação, capacidade de gestão, institucionalidade e regulação.
Os países avaliados nesta primeira etapa do PERLOG foram Bolívia, Colômbia, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Espera-se que nos próximos anos a análise seja estendida a todos os países da América Latina e do Caribe.
Economia latino-americana
A distribuição e evolução do produto interno bruto (PIB) dos países analisados indica uma pequena tendência à redução da contribuição do setor agrícola e ao aumento do setor de serviços.
Apesar das dificuldades econômicas, todos os países avaliados aumentaram suas exportações e mantiveram o ritmo ascendente em seus fluxos de investimento estrangeiro direto (IDE), sendo a Colômbia, o México e o Peru os principais receptores deste.
Desempenho logístico
Segundo o Índice de Desempenho Logístico (LPI), o Chile e o Brasil são os países da América Latina que mais se aproximam da melhor pontuação mundial observada nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O resto dos países da América Latina e do Caribe situam-se a mais de um ponto de diferença.
A falta de qualidade e infraestrutura influencia nestes resultados e no desenvolvimento comercial da região. Esta falta de estradas significa uma barreira para o comércio interno e externo que resulta em um aumento nos custos de transporte e serviços logísticos. Por exemplo, o transporte interno de contêineres no Brasil e na Colômbia é um dos mais caros em nível mundial.
Ainda que a região conte com as condições necessárias, o transporte marítimo interno e o transporte fluvial são quase inexistentes. Além disso, nenhum aeroporto encontra-se entre os 30 mais importantes de carga aérea do mundo e a trem está estagnado porque a rede é de baixa qualidade e geralmente é usada para o transporte de granéis.
Os principais desafios que a América Latina enfrenta em relação a estrutura e oferta do setor logístico são os seguintes:
- Elevada dependência da demanda externa
- Escassos operadores logísticos
- Atraso por regulações aduaneiras e de comércio
- Pouca automação
- Restrições de financiamento
- Oferta limitada de serviços logísticos
- Baixa qualidade dos serviços (atrasos, roubos, entre outros)
- Falta de infraestrutura especializada
- Pouca introdução de novas tecnologias
- Desconfiança com a terceirização
- Baixa demanda de serviços de valor agregado
- Decisões baseadas no preço, não no serviço
- Falta de integração da cadeia de suprimento
- Baixa institucionalização do setor logístico
- Ausência de políticas de promoção
- Custos de serviço distorcidos por regulações
- Lentidão burocrática
Importação e exportação
O valor de exportação de um contêiner na América Latina e no Caribe é apenas superado em nível mundial pela América do Norte e a África. Dentro dos países analisados existem enormes diferenças de custos de importação e exportação de contêineres: por um lado, o Panamá tem preços de exportação inferiores aos do Sudeste Asiático e pelo outro, o Paraguai e a Colômbia destacam-se como os países com maiores custos de exportação e importação.
Infraestrutura
O México e o Panamá têm boa infraestrutura, atingindo níveis semelhantes aos de Europa. No entanto, em geral as infraestruturas na América Latina têm muitas áreas de oportunidade em comparação com a média global.
Introdução de novas tecnologias
O México e o Panamá são os dois países da América Latina e do Caribe que superam a média latino-americana no índice de introdução de novas tecnologias no âmbito empresarial.
Cenário de referência para a América Latina em 2040
O cenário para a América Latina nos próximos anos caracteriza-se pelo estancamento do crescimento do PIB: ao redor de 4 porcento anual e menos de 3 porcento per capita. Isto a situaria atrás das três principais regiões em desenvolvimento (Leste Asiático, Oriente Médio e Europa Central e do Leste), com níveis próximos aos da África e sul da Ásia.
A América Latina precisaria adotar uma estratégia composta por três pilares, que implicariam contribuições logísticas em longo prazo:
- Conseguir uma sociedade mais inclusiva e unida, que consistiria em promover estratégias de melhoria da logística básica e fomentar a inclusão logística de territórios de baixa integração.
- Ajudar a conseguir e manter um maior crescimento econômico e competitividade mediante uma redução sistemática e continuada dos custos logísticos e a articulação de um sistema logístico eficiente, hierarquizado e integrado.
- Fortalecer a concorrência, incluindo uma maior cooperação regional e abertura para a Ásia e reforçar a articulação logística regional com o Pacífico.
O documento IDEAL 2013 define o aparecimento de diversas macrotendências, reações ou movimentos estratégicos na América Latina em longo prazo:
- Consolidação da China e da Ásia como os principais compradores de recursos naturais
- Volta das manufaturas na América do Norte e da função do México
- Mudança tecnológica e da estrutura do mercado de transporte
- Ampliação do Canal do Panamá, reforçando o papel desse país como centro ou hub logístico
- Crescente pressão sobre os portos para se adaptar a um sistema de hubs e feeders reforçados
- Movimentos na costa do Pacífico diante do aumento de relações com a Ásia
- Concentração crescente dos operadores logísticos
- Oportunidades de centros de concentração de cargas e serviços para o Brasil e o Cone Sul
Em resumo, as principais áreas de oportunidade para a América Latina e o Caribe consistem em melhorar sua infraestrutura, desenvolver atividades e serviços logísticos eficientes e implementar políticas públicas adequadas com o fim de reduzir os custos logísticos e melhorar o desempenho em toda a cadeia de suprimento.