Os progressos no serviço do transporte logístico, assim como nos outros elos da cadeia de abastecimento, dependerão grandemente da criação de novas formas de oferecer seu serviço, assim como do desenvolvimento de tecnologias especializadas para gerar valor em face ao cliente, maximizar o uso dos recursos e impulsionar a produtividade desta atividade.
Tanto os compradores de lojas online quanto de plataformas de e-commerce esperam receber seus pedidos com prontidão e no destino escolhido. Neste sentido, os fabricantes que utilizam um sistema de inventário justo a tempo para economizar custos de armazenamento e otimizar seu fluxo de efetivo estão exercendo grandes pressões sobre as empresas logísticas.
Já não se trata de implementar sistemas de distribuição com destinos centralizados e uma periodicidade programada. Para atender de maneira satisfatórias as chamadas "microcadeias de abastecimento" requer-se uma mudança de estratégia que considere as inovações em transporte como elemento principal.
A tecnologia do futuro no transporte está marcada pela coleta e análise de dados, os sistemas elétricos e autônomos, a robotização e automatização de processos e a colaboração entre empresas do setor para cumprir o objetivo de impulsionar a satisfação do cliente ao menor custo.
Segundo um estudo do Banco Mundial de 2018, os fatores que impulsionam a inovação no transporte são:
- A hiperconectividade à internet desde qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
- A automatização e o apogeu da economia colaborativa.
- A inteligência artificial e o aprendizado de máquinas que permitem o uso de ferramentas para coletar e analisar dados com fins analíticos e de previsão.
- As demandas de um uso mais eficiente e menos contaminante dos combustíveis.
- O crescimento de uma classe média com maiores possibilidades de consumo e de uma população em envelhecimento.
- Um entorno financeiro e de conhecimentos que propicia a inovação e o desenvolvimento de tecnologias disruptivas.
Como impulsionar a inovação na empresa de transporte?
A existência de inovações tecnológicas e o reconhecimento da necessidade das mesmas no setor do transporte requer uma estratégia de adoção. Esta deve seguir um método baseado nas seguintes pautas:
- Avaliar a situação da empresa em relação a eficiência e produtividade, determinar em que áreas pode melhorar ao incorporar as inovações tecnológicas e comparar-se com seus concorrentes.
- Estabelecer objetivos específicos, realistas e medíveis com o fim de que haja consonância nos esforços realizados por todos os integrantes da organização em prol de uma meta comum.
- Adotar a tecnologia apropriada e adaptá-la às necessidades e forma de operar da empresa com o propósito de satisfazer as exigências do mercado.
- Capacitar e motivar o pessoal para que seja motor da mudança e não imponha uma resistência custosa.
- Impulsionar uma mudança de cultura organizacional desde as posições de liderança que fomente a criatividade, o reconhecimento e as boas práticas.
- Fomentar o trabalho em equipe dentro da organização e a colaboração com outras empresas para otimizar o uso do talento e dos recursos para benefício do cliente e dos atores envolvidos.
- Estabelecer métricas para avaliar os resultados e desenhar um plano de melhoria contínua a fim de melhorar a atenção ao cliente.
Que caminho seguir?
Uma tarefa fundamental para incorporar inovações na atividade do transporte é identificar as tendências que marcam o caminho que se esboçam no desenvolvimento da indústria logística.
Estas tendências estão concentradas particularmente no cliente, em sua demanda de entregas o mais breve possível ou em um planejamento de pedidos que cubram detalhes ou requerimentos especiais. Partindo deste desafio, os fornecedores de transporte e os serviços 3PL deverão:
- Estabelecer uma relação estratégica com os fabricantes ou varejistas para garantir uma boa experiência ao cliente.
- Oferecer serviços adicionais ao transporte e a distribuição para contribuir valor à cadeia de abastecimento. A integração de atividades complementares como maquila, etiqueta, embalagem, montagem de pedidos, logística inversa e paletização, entre outras mais, já estão se convertendo em práticas padronizadas nos serviços de transporte e 3 PL.
- Considerar a construção de armazéns pequenos e regionais mais próximos dos clientes finais a fim de entregar com prontidão seus pedidos. Esta tendência responde às estratégias just in time aplicadas à logística. Para conseguir com que a cadeia de abastecimento chegue de maneira oportuna até o cliente final e se cumpram as entregas rápidas da demanda, deverão ser construídas novas áreas de armazenamento, adicionais aos grandes centros de distribuição. Estas construções irão se localizar estrategicamente nos pontos com taxas de pedidos mais altas, razão pela que serão numerosas, mas mais eficientes em sua operação.
- Preparar-se com infraestrutura e equipamento para resolver a demanda durante todo o ano já que o setor retail e de produção fomenta o consumo online através de ofertas, promoções ou "vendas especiais". Isto não apenas influencia na distribuição dos pedidos feitos pelos consumidores em lojas virtuais, como também no reabastecimento nas empresas fabricantes.
- Diversificar suas opções de entrega. O cliente que compra pela internet deseja não apenas entregas rápidas, como também em múltiplos destinos, o que complica a logística para as empresas distribuidoras.
- Continuar abastecendo as lojas físicas, que seguem tendo um papel importante para o consumidor como o lugar onde inspecionar em pessoa o artigo que lhe interessou na internet; além de ser em muitos casos o ponto de entrega e coleta de seus pedidos online. Isto significa para o fabricante manter uma estratégia de entrega variável ou experiência de cliente omnicanal que represente para seu fornecedor 3PL uma reformulação no desenho das rotas de distribuição e nas estratégias de armazenamento.
- Oferecer visibilidade total dos envios para satisfazer o desejo de transparência dos clientes. Para isto são essenciais tecnologias como a Internet das Coisas (IoT, por sua sigla em inglês) e o blockchain.
Um futuro que já está aqui
Existem tecnologias especializadas em transporte que estão avançando em seu desenvolvimento, e sua adoção no setor se apressou em vista das mudanças nos hábitos de consumo dos compradores e dos modelos de inventário nas empresas.
Entre as inovações em transporte que há alguns anos eram consideradas fantasias de ficção científica e agora estão em nossa porta podemos mencionar:
◦ Drones de carga. Já foram provados pela Amazon, uma das maiores plataformas de comércio eletrônico do mundo e, segundo as mais recentes estimativas do Banco Mundial, sua utilização no serviço de última milha resultaria mais barata que as motocicletas.
◦ Táxis autônomos. São drones de tamanho grande, com 18 hélices capazes de transportar dois passageiros por vez. Estão em prova em Dubai.
◦ Trens de levitação magnética. Em serviço na Alemanha, China, Japão e Coréia do Sul, funcionam mediante imãs com carga elétrica e alcançam em média 600 quilômetros por hora.
◦ Sistemas de hyperloop. Trata-se de trens que viajam em tubos pressurizados e alcançam altas velocidades. Estão em desenvolvimento espera-se o lançamento de um primeiro serviço de passageiros em 2021.
◦ Ônibus elevados. São veículos que transitam sobre trilhos e se elevam acima do tráfego urbano regular. Em etapa de desenho na China, a meta é que ajudem a reduzir o congestionamento veicular nas vialidades em 30%.
◦ Caminhões de carga autônomos. Já foram provados em várias partes do mundo, mas a principal preocupação das autoridades é a segurança das estradas. Sua adoção pode se atrasar um pouco pela necessidade de estabelecer um marco regulatório que reja sua circulação.
◦ Estradas inteligentes. A melhora na infraestrutura em geral repercute nos custos operativos das empresas de transporte, mas quando se fala de "smart roads", os benefícios passam para outro nível. Busca-se aumentar a segurança dos caminhos mediante o uso de sensores e sistemas de comunicação que ofereçam informação aos motoristas sobre condições climatológicas e variações no translado. Além disto, se aproveitará a energia solar para derreter a neve e o gelo das autoestradas, para iluminá-las de noite e alimentar fontes de eletricidade para veículos elétricos.
Diante das demandas mutáveis dos clientes, as empresas de transporte devem buscar ser competitivas mediante a adoção das tecnologias que já estão fazendo o mundo evoluir.
A flexibilidade e adaptabilidade são dois fatores importantes no aproveitamento destas inovações para alcançar uma maior eficiência e satisfazer os clientes plenamente.